Á UM ANO...

Crónica/Opinião: João Almeida
Á um ano e alguns meses. Passava eu os olhos pela Internet e deparei-me a ler um artigo muito interessante, sobre projectos de ajuda humanitária á Guiné, promovidas por um grupo de entusiastas do norte do país. Depois, outro artigo sobre uma equipa de médicos e enfermeiros espanhóis também á Guiné. Depois, um colega jornalista da "Visão", trocou uns mail's comigo quando o questionara como era a Guiné e o que naturalmente poderíamos fazer para os ajudar. Miguel Campos, já por lá andara á uns tempos. Foi a partir daí, que tudo nasceu. Partilhei com uns amigos a ideia, aos poucos deu-se corpo e alma a um projecto, depois adiciona-mos outras ideias e só nos restava a aventura. Criou-se uma equipa, desenha-mos percursos, pediram-se apoios. Estávamos já, em Janeiro de 2008. Correrias daqui e dali na recolha dos donativos. Uma campanha bem sucedida! Divisão e selecção dos mesmos. Embarque no contentor...e lá vai ele. 13 toneladas de material escolar, roupas, cadeiras de rodas, brinquedos, calçado, material ortopédico e tantas outras coisas. Mar adentro, seguiu rumo á Guiné-Bissau. Nesse dia 8 de Fevereiro, após tantas questões postas e incertamente respondidas, do porquê passar pela Mauritânia, quando o “Lisboa-Dakar” teria sido cancelado por falta de segurança. Tantas perguntas, sem que pudesse responder na altura. Fomos e fomos mesmo! Por esse deserto fora, com todas as coisas boas e menos boas que nos aconteceram. Também não interessa para aqui. O interessante era mesmo o projecto. Chegar á Guiné, conseguir fazer tudo o que nos tínhamos proposto. Apesar de tantos atrasos e contrariedades, tarde mas...lá chegou o nosso contentor. (Hufff) O “Escola para todos”, começou a funcionar em pleno. Escola a escola, tabanca a tabanca, os donativos fora equitativamente distribuídos em consciência. Regressámos. Tinha-se passado um mês e meio, desde a nossa partida do Algarve. Saldo: Positivo Maio de 2008 Desculpem, mas tenho de falar de mim outra vez.
No rescaldo a frio desta grande “missão”, verifiquei que já não era o mesmo. A minha visão veio ofuscada, o meu olhar já era outro perante o mundo, as coisas, os problemas. Constantemente, vêm-me á cabeça alguns olhares, algumas expressões, alegrias, sorrisos...sons! Afinal que sentido faz a vida, sem poder partilhar e proporcionar alegrias aqueles que precisam? Ok...vamos lá! Perante tantas dificuldades, tínhamos de construir uma lista de prioridades, e não foi difícil, bastou verificar os registos trazidos, dando de caras com o maior dos problemas...o Centro de Saúde de Buba (Sul do país). Todos começaram a dar os seus passos. Conseguiu-se material e equipamentos para melhorar as condições de atendimento naquele espaço para a saúde. Organizaram-se campanhas para donativos tão diversos como Roupas, Brinquedos, Calçado, material escolar. Aqui está o resultado da primeira expedição...partir para outra. Tudo agora começa a tomar forma. Constitui-se uma associação para dar uma estrutura legal a este tipo de iniciativas. Vestimos essa camisola, agora é só esperar pelos apoios. PORQUÊ A GUINÉ? Vamos á Guiné, porque entendemos que o que fazemos é apoio social, ajuda ao desenvolvimento, contribuímos para o conhecimento, e damos dignidade á saúde. Vamos á Guiné-Bissau porque a sua língua mãe é Portuguesa, porque existem responsabilidades históricas, culturais e morais com aquele país. Vamos á Guiné-Bissau, porque reconhecemos que qualquer ajuda vinda do exterior, vai certamente aos poucos ajudar a solidificar uma estabilidade e um desenvolvimento desejado. Não queremos saber de roles estatísticos, nem dos “podres” de qualquer país em vias de crescimento. Tráfico de drogas também existe em Portugal. Crime organizado também existe em Portugal. Aliás, corrupção existe em Portugal. Agora a tal pergunta: Se somos uma sociedade moderna, civilizada, democrática, informada, exigente e temos tudo isto...porque não entender que os “males” de uma sociedade frágil como a Guiné-Bissau, é fruto de uma incerteza e de um país com dores de crescimento?
Caberá aos governantes darem a volta á situação. As escolas sem cadernos e livros, o degradante estado em que se encontra o Centro de saúde de Buba, ou por exemplo o Hospital Nacional, não se vêm nos telejornais. O trabalho realizado por instituições meritórias em prol das crianças órfãs e abandonadas, só se vêm quando político as visita, ou então pelo natal. Hipocrisias que tenho o direito de comentar, porque só nestas quadras se mexe com a sensibilidade da opinião pública. Tenho a consciência de que a nossa missão, não está requisitada por políticas, credos ou seitas religiosas. Mas pela certeza de que chegamos onde está a dificuldade, o problema. Felizmente, já começaram a surgir acções espontâneas de voluntariado, grupos a organizarem-se no terreno prontas para dar o seu contributo. Isso é muito interessante. Quando me questionam sobre pobreza na Guiné, fazendo aberrantes comparações com os pobrezinhos da Brandoa...não respondo, recuso-me. Recordo que em Portugal, existem cerca de uma centena de Associações vocacionadas para ajuda aos problemas urbanos. Tal como outras para a saúde, nós estamos vocacionados para ajudar um povo vítima de uma sociedade cada vez mais egoísta, de extremos, sem perceber que na sua linha de orientação como de resto tudo na vida tem um principio, meio e fim. Em Fevereiro, vamos levar mais um grande voto de esperança, graças a todos aqueles que nos ajudaram, graças aqueles que confiaram em nós, graças ao espirito solidário de uma camada de pessoas esclarecidas e humanitárias.
Uma coisa vos posso garantir, sentimo-nos outras pessoas quando partilhamos algo com os outros. Bem Hajam João Almeida Coordenador de Projectos MEPT/Saúde Alerta
A.H.A.S. Humanitarius

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